Artigo: NÓS, OS GUARDIÕES, E OS FANTAMAS DO DIABO

NÓS, OS GUARDIÕES, E OS FANTASMAS DO
DIABO
Por:
Eli Vieira Xavier
Em
casa que falta o pão todo mundo grita e ninguém tem razão. Isto se dá, também,
conosco, despachantes aduaneiros, que somos um verdadeiro termômetro da
economia, pois, se o despachante está trabalhando muito é porque a economia
está a pleno vapor. Ciclicamente somos atemorizados pelo fantasma do diabo da
economia, mas, desta feita, vivemos este circulo infindo desde 2.012 e 2.013.
Em
nosso mister, somos os guardiões dos interesses de importadores e exportadores,
sempre a nos depararmos com perguntas do tipo: Por que o processo parou se
sempre fizemos assim e nunca tivemos problemas?
A
pergunta acima, por vezes, se dá pelo raio do fantasma do diabo da teimosia,
onde, não raro, por anos fazemos, nós os guardiões, alertas de que um dia
poderá haver problemas, mas, eles não enxergam e acham que sempre irão navegar
nas águas mansas da sorte e do canal verde. Até que surge, assim eles dizem,
“um espirito de porco”, que vem por água no seu chopp, demonstrando algum erro
e obrigando-os a consertá-lo, com consequências sérias no presente e podendo
atingir seu passado, o que pode, por vezes, inviabilizar sua própria empresa.
Não
raro, somos guardiões de empresas por anos à fio, mas eis que surge um fantasma
do diabo, travestido em um neófito  recém
formado em comércio exterior, e do cimo de toda sua experiência, adquirida em
alguns anos nos bancos da faculdade, a querer modificar tudo o vinha sendo
feito e enfiam os pés pelas mãos, levando à prejuízo os antigos guardiões e
também as empresas para as quais se achavam salvadores da pátria.
Como
se não bastasse ainda temos que enfrentar os fantasmas dentro da própria
categoria, onde, cada dia mais, aparece um diabo que faz graçar a cobrança de
preços irrisórios. Vemos, ainda, a entrada, no mínimo demagógica, de outros
atores (estes não são fantasmas, mas o próprio diabo) que, sem a tão reclamada
capacidade necessária e apregoada pela RFB, recebem de mão beijada a
igualdade  postulatória de serem
representantes legais na arte do comércio exterior, sem exames e sem
comprovação de formação da exercer este mister.
Fantasma
dos fantasmas, são os amaldiçoados BID, onde se procuram metas inatingíveis,
que conciliem qualidade com preço, o que é impossível, ou, afim de atender um
mundo de planilhas inócuas e sistemas que atendam aquilo que eles próprios
deveriam fazer, mas não o fazem, seja por preguiça ou por eles próprios não
saberem. Números e números, desvirtuando-se de sua atividade fim e, não raros
desprestigiando aqueles guardiões que sempre os atenderam e trocam-nos por
outros pseudo guardiões.
É,
vivemos em época de vacas magras e não podemos sequer sermos guardiões de
nossos rebanhos, porque estamos sempre correndo o risco de nos depararmos com
um novo fantasma de um diabo qualquer.
ELI VIEIRA XAVIER, DESPACHANTE ADUANEIRO
DIRETOR DA LENIVAM SERVIÇOS DE COMÉRCIO
EXTERIOR LTDA.
SANTOS, 03 DE JUNHO 2018