Crônica: A DUREZA DA SOLIDÃO E DAS PAREDES QUE NÃO FALAM

 Por: Eli Vieira Xavier

Nestas épocas de
pandemia raros são aqueles que não tiveram que se isolar.

Dura e triste a dor
da solidão, afinal quem já contraiu a doença sabe como fica difícil a
comunicação. Sofrem, e o fazem no seu mundinho, e sem quererem estar a explicar
os sintomas que estão sentindo. Errados, será que estão?

Na minha egoísta
posição, posto que já fui acometido, creio que não, pois o simples fato de
saber que está contaminado, ou de alguns sintomas que sentem, faze-nos perder a
vontade da comunicação. Não queremos falar com ninguém, e as quatro paredes que
nos cercam nos oprimem e conosco não se comunicam. Não são sequer nossas
confidentes. Cercam-nos e sentimos o mundo menor e a diminuir.

Felizes aqueles que
têm parentes para conforta-lhes, a trazer um alimento para o apetite que não
mais existe. Trazem palavras de conforto e medicamentos que amenizam a nossa
dor e reclamos. Mas, falta-nos vontade que nos derruba em mundo de sono.

Como se não bastasse,
temos que viver em um casulo, com medo de contagiar aqueles que nos são caros.

Oh maldita pandemia!
Que a todos aflige sem dó, nem piedade. Ainda mais para aqueles – como eu – que
não mais tem uma parceira para lhes amparar.

Quanto já perdemos, e
iremos perder, que ao menos possamos viver em mundo de paz, sem hipocrisias e
sem politicagem barata. Deixem de fazer desta pandemia um palanque de heresia,
roubalheira suja, fakes e promiscuidade. Deixem-nos em paz a sentir a dureza da
solidão e das paredes que não falam. 

 

Eli Vieira Xavier, Despachante Aduaneiro,
Diretor da Lenivam Serviços de Comércio Exterior
Santos, 08 de junho de 2021