Crônica: A VIDA NO FIO DA NAVALHA DO COVID

 Por: Eli Vieira Xavier 

Quisera que esta pandemia nos
ensinasse alguma coisa, mas, o que vemos é sofrimento, angústia é a podridão da
politicagem escrota e sem fim.

Quem não pegou, ou teve um amigo
ou ente próximo que não tenha sido acometido? Pior ainda, quem não perdeu um
ente querido, amigo ou sofreu na própria pele os efeitos devastadores desta
praga?

A meu ver, e sentir, ninguém sabe
nada sobre este mal. Todo mundo virou especialista em infectologia.

De qualquer sorte, uma hora, ou
outra, a ciência descobrirá sua cura definitiva e como extirpá-la da face da
terra, mas, infelizmente, não descobrirá o antídoto contra a corrupção,
ganância e roubalheira. Vergonhosa roubalheira nos desvios de dinheiro da
saúde. Até por que quando se descobre, sempre há um anjo mau a salvar seus
apaniguados. Vejam o exemplo do STF.

Pessoas me cobram sobre tomar
atitudes em nossa área de atuação, e fico a me perguntar: Cadê você que nada
faz? Reclamam sob a forma como somos tratados, de cobranças extras por
liberação de B/Ls fora de determinado horário. Mas, me pergunto: Onde estão os
importadores, que são os mais interessados?

Reclamam de toda sorte de
exigência que nos são impingidas, da concorrência desleal e dos alienígenas que
nos fazem concorrência. E, mais uma vez, pergunto: Cadê você que reclama pelos
cantos, sempre à espera de alguém que faça algo em favor de seu reclamo? Por
que não arregaçam as mangas e grite, em alto e bom som, sobre o que os aflige?
Cadê sua coragem de dar a cara à tapa, sempre à espera de quem o faça em seu
lugar?

Na “Semana do Despachante
Aduaneiro”, em pleno tratamento de um COVID, sofrendo a perda de um irmão de
sangue, recebo um pedido para reclamar sobre os males com que são atingidos
aqueles que militam nesta centenária profissão. E, mais vez, me pergunto: O que
fazes além de pedir que reclamem em seu nome? Será que não sabes que vivemos no
fio da navalha do COVID e, para muitos, no fio da navalha de nosso fim?

Mesmo não acreditando em nosso fim, nos
Despachantes Aduaneiros atuantes, vejo sim o fim dos medíocres que reclamam nas
esquinas e não fazem nada para demonstrar, realmente, que somos necessários e
que, a cada dia, precisamos crescer mais, e mais, nos conhecimentos de nossa
profissão. A vida não acabou, nossa profissão não acabará, talvez para os
medíocres que não estudam e esperam que a sorte lhes caia no colo. Lute,
estude, se atualize e diga, com muito orgulho: EU SOU DESPACHANTE ADUANEIRO.

Eli Vieira Xavier, Despachante Aduaneiro,
Diretor da Lenivam Serviços de Comércio Exterior
Santos, 25 de abril de 2021