DEIXAR DELINQUIR OU TIRAR DAS RUAS E DAR EMPREGOS. O QUE QUER A SOCIEDADE?

Por: Eli Vieira Xavier


Sou filho, juntamente com mais
seis irmãos, cinco vivos, de doqueiro – assim chamado aquele que trabalhava na
Cia. Docas do Porto de Santos-, retirante do Nordeste e acompanhado de uma
mulher de fibra, e põe fibra nisto. E daí? Perguntariam muitos. Ao que eu
responderia, como é que com o parco salário percebido por meu pai, ele
conseguiu educar, manter e formar cidadãos honestos e trabalhadores?

Simples, dando-lhes ensinamentos,
educação, respeito à família e fazendo-os entender que o trabalho não mata,
assim, partindo destes conceitos, arrumou, para os filhos homens, a partir de
seus 13 anos de idade, um emprego. Sim, não se espantem! pois, era melhor que
aprendessem uma profissão, e a terem responsabilidades, sem abrir mão da
educação escolar, e em idade tão pueril, do que deixá-los na rua, como acontece
com a maciça maioria das famílias de pouca renda, hodiernamente.

Por certo os defensores dos
direitos das crianças e adolescentes ficarão estupefatos com o acima, e  afirmarão que aquilo era um crime e um
desrespeito àqueles infantes. Isto é, por certo, muito bonitinho pra aqueles
que têm condições de darem a seus filhos alimentos, assistência à saúde e
educação, mas, com o dinheiro próprio não o fazem em relação a terceiros, a não
ser com seus muito próximos, de resto acham que tal obrigação cabe ao Estado, e
provem-me que este provê tudo isto a todos e de forma generalizada.

Como diria o poeta: NEM FUDENDO! –
desculpem-me, não aguento deixar de falar uma besteira, mas, brincadeiras à
parte, onde está o protetor da criança e do adolescente que proíbem que estes só
possam trabalhar após os 16 anos. Falsa hipocrisia, pois, não cansamos de ver
crianças de 4, 5 anos, ou mais, mendigando em faróis, vendendo balinhas,
limpando para-brisas de carros, etc. PQP, vocês, pretensos protetores de
crianças e adolescentes, não me venham dizer que cuidam de crianças, pois, a
prova está nas ruas. O que dizer então de jovens menores de 16 anos que não
arrumam estudo, educação, alimentação e muito menos emprego, pois são
proibidos, e vivem nas ruas a fazerem malabarismo nos faróis, malabarismos pela
vida. Mas, em detrimento de uma condição de vida  melhor, dizem existir uma proteção
inexistente, mas, contrariamente a todas as lógicas, permitem, aí sim, que
estes mesmos que não podem ser contratados, sejam aliciados pelo tráfico, que mendiguem
ou venham a delinquir. Por que tamanha inverdade e hipocrisia (repito)?

Outro dia, não
faz muito tempo, fui abordado por um jovem em um farol a mendigar, e disse a
ele que o mesmo era já muito forte e poderia muito bem arrumar um emprego. Ao
que levei uma baita porrada com a resposta dele: “Sou sim, mas não tenho 16
anos e ninguém me dá emprego”. Desculpem-me, ferrou meu dia (a vontade era
dizer outra coisa que também começa com “f”). Este fato está gravado, para
sempre, no meu cérebro, e fico a me perguntar: Que merda de defesa é esta, onde
o Estado, ou os pseudos defensores dos direitos das crianças e dos adolescentes,
não lhes dão sustentáculos para que subsistam? Deixemos de tanta hipocrisia,
pois, trabalhar não é crime, muito pelo contrário, forjam seres humanos de
caráter!

Crime? Crime é
roubarem descancaradamente, como vemos em tantos processos de corrupção. Crime?
Crime é estarem a fazer leis em proveito próprio. Crime? Crime é atuar, por
egoísmo, pensando em seus projetos políticos em detrimento de um Brasil melhor.
Crime? Crime é imporem a outrem aquilo que nem o Estado, e nem estes pseudo
protetores das crianças e adolescentes, o fazem, sempre a ditarem ordens de
proteção, mas, em verdade, nada fazem. Crime? Crime é a criação de normas que
não se sustentam, porque o Estado e estas entidades são falidas ou corruptas.
Crime? Crime é proibir que adolescentes maiores de treze anos, respeitados seus
horários de estudos, não possam ser tirados das ruas e deixar de expô-los à
criminalidade e ao ócio.

Querem impor,
em um país, que não cuida nem de seus anciãos (desculpem o termo), regras das
quais não são capazes de executá-las, sob o manto – ou seria imposição? – de
que têm que acompanhar os países de primeiro mundo. Parem com isto, vivamos
cada um a sua própria realidade. Não sejamos “tão macaquinhos”, que a tudo
copia e NÃO DEIXEMOS DELINQUIR OU DEIXAR DE TIRAR DAS RUAS
NOSSOS MENORES E DAR-LHES EMPREGOS.
 

Eli Vieira Xavier, Despachante Aduaneiro
Diretor da Lenivam Serviços de Comércio Exterior e Despachante OEA

Santos,  20 de abril 2020