OS DIAS DE EXÍLIO E OS DIAS DE TERTÚLIA

Por: Eli Vieira Xavier 

Oh santa necessidade de não nos
abraçarmos, apertar mãos e nos beijarmos. Isto não é o nosso modus vivente,
principalmente por parte de nós, de sangue quente e latino, onde somos
afetuosos, por vezes até mesmo pegajosos. Sinal de afeto, carinho e muito amor.

Eis que surge um maldito COVID 19
e separa amigos, conhecidos e até mesmo parentes. O medo impera por parte
daqueles que não querem ser contagiados e daqueles que não querem contagiar.
Pais e avôs, como eu, que podem, quem sabe, serem assintomáticos e têm receio
de contagiar seus entes queridos e se afastam, ou, sei lá? se o contrário
também possa acontecer.

O ser humano não foi criado para
ser um ermitão (Aquele que evita o
contato social; que tende a viver sozinho e/ou buscar a solidão), muito pelo
contrário, tendem a viver em comunidade, trocando carinhos, confidências e
vivendo em harmonia, respeitam-se e complementam-se. A solidão não é, e nem faz
parte do seu ideal.

Mas, em nome desta própria máxima, do medo do maldito vírus,
forçamo-nos, mesmo que com o custo de muita dor e solidão, a vivermos em
exílio, tal e qual um ermitão. Porém, doe-me mais ver o mundo de podridão em
que vivemos em um momento de dor e sem saber se eu, ou um próximo a mim, amanhã
estará vivo.

Doe-me ver que muitos estão preocupados com o seu “eu”,
sempre a estar olhando, e medindo, se alguém está aparecendo mais do que “eu”,
e criam desarmonia, jogam pela latrina pessoas gabaritadas pelo simples fato de
que “ele” está aparecendo mais do que “eu”. Pessoas assim deveriam calar-se em
um momento onde o medo impera, onde pessoas morrem e seus parentes sequer podem
render-lhes as últimas homenagens. Deveriam, já escrevi sobre isto, lutarem
pelo bem comum e deixarem as politicagens para depois.

Para nós, o povo, pouco importa quem será o salvador da
pátria. A pátria e seu povo devem ser salvos a qualquer custo, principalmente
pela união de esforços, sem bravatas e muito menos desarmonias, ainda mais
neste instante.

É Sr. Jair, muito do acima é para o senhor, em quem votei e
depositei tantas esperanças, mas, pelo bem do Brasil, por favor, tente calar-te,
nem que seja só um pouco, e deixe de pensar que o seu bem é o bem comum. Será
que não vês que ninguém é o dono da verdade, e que ela tem várias vertentes.
Respeito vossas opiniões, também não sou muito diferente, mas, pelo bem da
coletividade temos que, muitas vezes, nos dobrarmos ao nosso querer pessoal para
pensarmos no bem comum, no coletivo.

Para que tantas polêmicas? Para que tanto orgulho e querer
ser o dono da verdade? Já não te chega ter que combateres teus inimigos comuns (Senado
e STF), ainda queres arrumar inimigos junto àqueles que te cercam e procuram
fazer o melhor por este país, e diga-se de passagem, que não é só teu. Deixe de
criar celeumas, fostes eleito, repito, inclusive pelo meu voto, para governares
e não para, a todo dia, arrumares motivos para brigas e revanchismos. Pense
maior, pense no teu povo e no BRASIL, deixe as eleições para depois e tenha
desapego ao poder, porque bem melhor do que um exílio é uma tertúlia
(agrupamento, reunião de parentes ou
amigos), assim, unamo-nos, mesmo que de longe.
 

Eli Vieira Xavier, Despachante Aduaneiro
Diretor da Lenivam Serviços de Comércio Exterior e Despachante OEA
Santos, 06 de abril 2020