Papel, Papel e Mais Papel

Por Eli Vieira Xavier

Em plena era digital, com sistemas e softwares que chegam a controlar nossa vida cotidiana, nos vemos, estarrecidos, que, apesar das promessas governamentais de findar com burocracias, ainda somos obrigados a apresentar a vários órgãos um mundo de papel, repetitivos, inócuos e desnecessários.

Assistimos e acompanhamos a criação do SISCOMEX, tendo sido propalado como um sistema que primaria pelo jargão do “Non Paper”, ou seja “Sem Papel”, e o que acontece ainda hoje, uma enxurrada de cópias e mais cópias de papéis e documentos que devem ser apresentados, sendo que alguns deles, como a própria Declaração de Importação, que embora elaborada e disponível no sistema, tem que ser apresentada no papel, afora a agravante de que, embora a mesma seja gerada a partir de uma assinatura digital, obrigam-nos a que a assinemos de próprio punho. 

Isto não acontece somente no âmbito da Receita Federal, mas em vários outros Órgãos,  por exemplo, a ANVISA, em processos de liberação de produtos importados, onde uma mesma empresa venha a ter 01 ou 500 processos, teremos que juntar 01 ou 500 cópias da Procuração, 01 ou 500 cópias da Fatura, Packinglist, B/L, ou outro qualquer documento, mesmo sendo eles os mesmos, somente pelo fato de não pertencer à mesma Licença de Importação.

Todos os dias ouvimos falar sobre sustentabilidade, isto sem falar nos discursos governamentais à respeito de “proteção ambiental”, “Protocolo de Kyoto”,etc., porém não vemos atitudes dos próprios organismos do governo coibindo o uso indiscriminado e desnecessário de papel e nos perguntamos: Será que eles têm onde guardar tanto papel repetido? Papel, papel, e mais papel, para que tanto papel?

Autor:
Eli Vieira Xavier, Despachante Aduaneiro.
Diretor da Lenivam Serviços de Comércio Exterior Ltda.
Santos, 05 de janeiro de 2012