QUANDO O VAZIO SE FAZ SENTIR

Por: Eli Vieira Xavier


Nunca pensei, depois de 65 anos,
que veria e sentiria que o mundo está muito vazio.

Como uma pandemia, afastaria e
esvaziaria locais e até mesmo sentimentos e pessoas.

Minha caixa de e-mail está vazia,
o trabalho se esvaiu e não sabemos quando retornará.

Corações transbordam de amor e
saudades, mas, por causa do raio de um vírus, nem podemos nos abraçar.

A economia se esvai quebrando
pequenos negócios – e talvez médios e grandes- esvaziando empregos e
equilíbrios familiares.

A estagnação do comércio
internacional, com exceção do agro, faz-nos ficar sentados à frente do
computador procurando algo que preencha este vazio.

Repórter na televisão? Nem
pensar! Não dá mais ficar ouvindo sobre COVID ou sentarem a pua no Jair. Cadê
as outras matérias, será que também se esvaziaram?

Eu, particularmente, afora todo
este vazio, ainda tenho que viver com o esvaziamento da perda de uma parceira.

Bares, lojas, salões de barbeiro
e de beleza estão vazios. O bolso das pessoas e suas economias estão a se
esvaziar.

Os políticos (ah estes
políticos!) continuam, como sempre, vazios de ideias que possam ajudar o povo,
mas transbordam maldades e interesses próprios.

Nunca pensei que chegar no pico
de uma pandemia, seria motivo de alegria, pois, ao lá chegar espera-se uma
queda e a sombra da morte a se esvaziar.

Os trabalhos estão sendo feitos
remotamente, de tal forma que faz com que nossas mentes se esvaziem, até mesmo
da fisionomia daqueles que tratávamos no dia a dia.

Cremos que com esta pandemia,
muita coisa vai mudar e teremos tratamentos mais frios, gélidos mesmo, e
vazios.

Só rogo a Deus que não nos
esvaziemos ao ponto de perder nossa fé e nossa identidade, pois um homem vazio
é um nada, como o próprio vazio, este vazio que é tão grande que faz-nos até
mesmo senti-lo.

Eli Vieira Xavier, Despachante Aduaneiro
Diretor da Lenivam Serviços de Comércio Exterior e Despachante
Santos, 27 de julho de 2020